Jardins Verticais no Minhocão – O verde fechando a cicatriz na cidade cinza
O Elevado Presidente João Goulart, popularmente conhecido como Minhocão, foi construído em 1971, durante o governo do prefeito Paulo Maluf. A construção é uma ligação viária elevada de aproximadamente 5,5 metros de altura e 2,8 quilômetros de extensão. Tem seu início especificamente no bairro de Perdizes, zona Oeste de São Paulo e se estende até a Praça Roosevelt, localizada no Centro da cidade. O Minhocão foi projetado com o intuito de reduzir o tempo gasto pelos motoristas para percorrer o trecho Leste-Oeste.
Mas o benefício que proporciona aos motoristas, não supera o número de malefícios que trouxe ao local. Os moradores precisaram se habituar a poluição sonora, estética e do ar, a falta de segurança e desvalorização da região. E isso fez com que o Minhocão fosse caracterizado por alguns como uma cicatriz no meio da cidade.
As críticas à construção geraram diversos debates. O futuro do Elevado por muito tempo foi incerto, talvez ainda seja. Já houve diversas propostas para o local, entre transformá-lo em um parque, pois já é informalmente ocupado como tal aos finais de semana, ou até mesmo a demolição da via. Mas enquanto não se definia nada, a empresa Movimento 90º do ramo de jardins verticais iniciou um projeto na região em 2013, com o objetivo de transformar o Minhocão em um extenso corredor verde, repleto de jardins verticais.
A inspiração para o projeto de Jardins Verticais no Minhocão
A região do Elevado possui mais de 100 empenas cegas (paredes laterais sem aberturas, como: janelas ou portas), que segundo informações coletadas no site Movimento 90º poderiam abrigar 58.000 m² de área verde. E foi esse número que a empresa aplicou como meta e está trabalhando desde 2013 para implantar um extenso corredor verde.
O primeiro jardim vertical do Minhocão foi financiado pela Vodka Absolut. O que deu grande repercussão ao projeto que ganhou ainda mais força depois que o então prefeito de São Paulo Fernando Haddad assinou em 2015 o decreto n° 55.994 que determina como forma de compensação á empresas que receberem multa ambiental a instalação de jardins verticais e coberturas verdes na cidade de São Paulo.
Jardins Verticais como compensação ambiental
Os jardins verticais como compensação ambiental têm sido exaustivamente debatidos e avaliados. Para entender porque as paredes verdes são consideradas uma compensação ambiental é preciso conhecer alguns benefícios que elas oferecem, como: diminuição da temperatura do ar e da poluição sonora, redução da poluição através da absorção dos poluentes pelas folhas e equilíbrio das condições microclimáticas através da transpiração e evapotranspiração das plantas.
Entretanto, o Ministério Público de São Paulo (MPSP), não concorda que os jardins verticais sejam usados como forma de compensação ambiental. Por entender que as paredes verdes oferecem menos benefícios que árvores adultas, já que os processos como: fotossíntese e evapotranspiração são evidentemente menores. O MPSP entrou até com ação para pedir a proibição das paredes verdes como forma de compensação e afirma que “A criação de jardins verticais traz benefícios para a cidade, mas não pode, de forma alguma, ser enquadrada como forma de compensação ambiental por não exercer as mesmas funções ecológicas que os exemplares arbóreos desmatados”.
Jardins Verticais no Minhocão
Até então, já foram construídos aproximadamente 5.000 m² de jardins verticais no Minhocão de acordo com dados do Movimento 90º. Os projetos das paredes verdes são elaborados por artistas nacionais e internacionais, sempre prezando por proporcionar impactos positivos para a região e a todos que moram ou passam pelo Elevado.
Edifício Huds
Projeto: Matthew Wood
Edifício Bonfim
Projeto: Paulo Monteiro
Edifício Minerva
Projeto: Christopher Page
Edifício Mackenzie
Projeto: Guil Blanche
Edifício Santa Filomena
Projeto: Pedro Wirz
Edifício Santos
Projeto: Renata de Bonis
Edifício Santa Cruz
Projeto: Daniel Steegmann Mangrané
E é assim que o verde e mais algumas cores vem aos poucos fechando a cicatriz no meio da cidade. Ou pelo menos, reconfigurando à estética de uma cidade que por muito tempo foi conhecida pelo cinza dos seus arranha-céus. Mas que agora, quer ser percebida pelo verde do seu extenso corredor de jardins verticais.
Por Camila Torres
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